Cerveja com inovação: Grupo Petrópolis busca o lúpulo perfeito

Cerveja com inovação: Grupo Petrópolis busca o lúpulo perfeito

Como produzir de modo sustentável, buscando respostas para os desafios do campo ao consumo, está na agenda das cervejarias. Atentas a essa demanda, as companhias do setor têm encorpado seus levantamentos internos, entre elas o Grupo Petrópolis, de origem no Rio de Janeiro e que hoje possui oito fábricas da bebida espalhadas no país. A empresa que pertence ao empresário Walter Faria, um dos bilionários da lista da Forbes, apresentou na noite de ontem, na capital paulista, seu relatório de sustentabilidade.

É o segundo ano consecutivo que o documento se torna público. “Nosso segundo relatório ainda não é GRI, mas caminhamos para isso”, diz Diego Gomes, diretor industrial do grupo e responsável pela apresentação dos dados. GRI é a sigla para Global Reporting Initiative, uma organização internacional que planifica dados para empresas, governos e instituições. No Grupo Petrópolis, mesmo sem esse suporte, os dados mostram avanços.

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No caso dos trabalhos de campo, está a busca por processos e ingredientes para suas bebidas, em duas bases: produção de lúpulo e a construção de uma arquitetura de inovações por meio de um laboratório, o LIS (Lab de Inovação e Sustentabilidade), estruturado no ano passado. “Iniciamos o LIS com a ideia de integrar definitivamente o ASG à Inovação, ou seja, agora temos o ASG & I: dois conceitos que devem, obrigatoriamente, andar de mãos dadas”, diz Giulia Faria, vice-presidente do grupo no documento, lembrando que ASG é a sigla para ambiental, social e governança.


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Diego Gomes diz que o Grupo Petrópolis tem a inovação como campo aberto

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No ano passado, o setor cervejeiro contribuiu com 2,1% do PIB brasileiro, de acordo com a CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja). Foram R$ 180 bilhões, valor que representa a venda de 14,8 bilhões de litros de cerveja em 2021. O Grupo Petrópolis, uma das associadas à CervBrasil, é o terceiro grupo cervejeiro do país em volume de produção e maior grupo de capital nacional. No primeiro ano de estruturação, o LIS contou com 76 projetos que levaram a companhia a melhorar seus processos, entre eles a gestão de plástico e de peças de manutenção em suas unidades.

“O LIS é mais um conceito aberto do que um espaço, porque juntos caminham um movimento cultural, inovador e sustentável”, afirma Gomes. Desde que o LIS começou a funcionar, a promoção de três hackathons reuniram 41 equipes que apresentaram 308 propostas de soluções. “Para 2023, vamos lançar um projeto de educação ambiental no metaverso”, diz Gomes.

Buscando escala para lúpulo nacional
Para o projeto de produção nacional de lúpulo e extensão rural visando criar parcerias com produtores, a companhia considera estar na fase seis de seu projeto iniciado em 2017, com a inauguração do Centro Cervejeiro em Teresópolis (RJ), onde foram investidos R$ 2,5 milhões no ano seguinte para dar os primeiros passos no cultivo da planta.

Desde então, foi feita uma parceria com o viveiro Ninkasi, para a produção das mudas, cultivo e melhoria das práticas agronômicas, e como os geneticistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). O lúpulo, planta que confere amargor à cerveja – e é um de seus ingredientes, juntamente com a água, o malte e a levedura – é nativa da Europa, Ásia ocidental e América do Norte, em que a faixa de temperatura ideal para o plantio varia de 5°C a 22°C.

Para as condições tropicais do Brasil, a planta necessita de adaptações, como ocorreu para a soja, por exemplo. “As fases dois e três do projeto foram justamente para isso, buscar por produtividade”, diz Gomes. “No Brasil, um pé de lúpulo tem produzido, na média, em torno de 2 kg, o que torna inviável para pequenos produtores, por exemplo.”


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Cervejaria mostra de marcas populares, como a Itaipava, a produtos artesanais com lúpulo próprio

O Grupo Petrópolis foi a primeira empresa cervejeira do país a cultivar lúpulo. Na primeira fase foram plantadas na fazenda São Francisco, que pertence ao grupo, 700 pés de 12 espécies diferentes. Na sequência, a fase dois foi de avaliação dessas espécies, das quais cinco tiveram índices de aroma e amargor altos. A partir daí, cerca de 2.000 pés foram plantados, com as primeiras colheitas em 2020.

Na fase três, mais cinco mil pés foram plantados e nas fases quatro e cinco outros 20.000 pés. Hoje, a empresa tem 5,27 hectares de cultivo. “Fizemos dias de campo para mostrar aos produtores que caminhamos para viabilizar comercialmente a planta no Brasil”, diz Gomes. “Estamos no desafio da produtividade.”

Em busca de índices acima de 2 kg de lúpulo por planta, o grupo está entrando na fase seis do projeto, justamente para escalar a produção. O fundamento dessa corrida é econômico. Atualmente, o Brasil importa 8.200 toneladas de lúpulo, por ano, e gasta US$ 82 milhões. Saindo da fase de experimentos, o país teria potencial para o cultivo de 4.800 hectares de lúpulo. “No ano passado, começamos a testar o plantio em Uberaba”, diz Gomes, município onde a empresa finalizou em 2021 a construção de sua mais nova fábrica de cerveja. Em Uberaba, as temperaturas mínimas raramente lembram algum país gelado, mas as máximas chegam com certa facilidade aos 40°C.

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