Indígenas relatam ataques de seguranças de PCHs com balas de borracha durante manifestação em MT

Comunidade também teve dois carros queimados e outros cinco apreendidos pelos agentes. Os manifestantes afirmam que tentavam ajustar um acordo com a empresa que utiliza parte da região para funcionamento do empreendimento. Indígenas são atacados por agentes de PCHs Pelo menos 20 indígenas da etnia Enawenê-Nawê ficaram feridos, entre a noite desse domingo (25) e a manhã desta segunda-feira (26), durante um suposto ataque de seguranças da empresa que controla Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) instaladas no Rio Juruena, na região de Sapezal, Rondon, Parecis, Telegráfica e Campos de Júlio, no oeste de Mato Grosso. A comunidade informou que fazia uma manifestação para tentar ajustar um acordo com a empresa que utiliza parte da região para funcionamento do empreendimento. O g1 tenta contato com a empresa responsável, Hydria Geração de Energia. Carros dos manifestantes foram queimados Divulgação Um dos representantes da etinia, Lalokwarise Detalikwaene Enawene, contou que mais de 400 pessoas participavam da manifestação, incluindo mulheres e crianças. O objetivo era conseguir uma reunião com o proprietário da empresa. No entanto, segundo ele, a população foi atingida por balas de borracha e teve dois carros queimados e outros cinco veículos, que transportavam alimentos, apreendidos. “Não levamos flechas, não brigamos. Ninguém [da empresa] veio conversar com a gente. Os seguranças nos agrediram, atiraram balas de borracha. Queríamos explicar nossos problemas para eles e não brigar”, disse. Pelo menos 20 indígenas ficaram feridos após tiros com balas de borracha Divulgação Segundo Lalokwarise, a empresa construiu oito PCHs no Rio Juruena, usado pela comunidade para manter culturas, e, em troca, pagam um valor aos indígenas para o uso da área. Para a comunidade, esse valor é insuficiente para suprir as necessidades da população afetada e manter a preservação da área. “Eles pagam para nós R$ 36 mil por mês, mas, para 1,4 mil pessoas que vivem aqui esse recurso é pouco. Tem que aumentar esse valor para mantermos nossa cultura. Já pedimos, mas não conseguimos [chegar em um acordo]”, explicou. Usina está instalada no Rio Juruena em Sapezal (MT) Hydria/divulgação A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) informou ao g1 que as PCH's Rondon, Parecis, Telegráfica e Campos de Júlio estão licenciadas e não ocupam Terras Indígenas. Sobre o pagamento citado, a secretaria explicou que esse tipo de acordo não passa pelo licenciamento ambiental, podendo ocorrer por via judicial, com interveniência da Funai, Ministério Público Federal e Justiça Federal. Lalokwarise disse que está em contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e com a Polícia Federal para tentar recuperar os carros da comunidade apreendidos pelos seguranças e resolver o problema. A reportagem entrou em contato com as entidades, mas não obteve retorno até esta publicação.

Indígenas relatam ataques de seguranças de PCHs com balas de borracha durante manifestação em MT

Comunidade também teve dois carros queimados e outros cinco apreendidos pelos agentes. Os manifestantes afirmam que tentavam ajustar um acordo com a empresa que utiliza parte da região para funcionamento do empreendimento. Indígenas são atacados por agentes de PCHs Pelo menos 20 indígenas da etnia Enawenê-Nawê ficaram feridos, entre a noite desse domingo (25) e a manhã desta segunda-feira (26), durante um suposto ataque de seguranças da empresa que controla Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) instaladas no Rio Juruena, na região de Sapezal, Rondon, Parecis, Telegráfica e Campos de Júlio, no oeste de Mato Grosso. A comunidade informou que fazia uma manifestação para tentar ajustar um acordo com a empresa que utiliza parte da região para funcionamento do empreendimento. O g1 tenta contato com a empresa responsável, Hydria Geração de Energia. Carros dos manifestantes foram queimados Divulgação Um dos representantes da etinia, Lalokwarise Detalikwaene Enawene, contou que mais de 400 pessoas participavam da manifestação, incluindo mulheres e crianças. O objetivo era conseguir uma reunião com o proprietário da empresa. No entanto, segundo ele, a população foi atingida por balas de borracha e teve dois carros queimados e outros cinco veículos, que transportavam alimentos, apreendidos. “Não levamos flechas, não brigamos. Ninguém [da empresa] veio conversar com a gente. Os seguranças nos agrediram, atiraram balas de borracha. Queríamos explicar nossos problemas para eles e não brigar”, disse. Pelo menos 20 indígenas ficaram feridos após tiros com balas de borracha Divulgação Segundo Lalokwarise, a empresa construiu oito PCHs no Rio Juruena, usado pela comunidade para manter culturas, e, em troca, pagam um valor aos indígenas para o uso da área. Para a comunidade, esse valor é insuficiente para suprir as necessidades da população afetada e manter a preservação da área. “Eles pagam para nós R$ 36 mil por mês, mas, para 1,4 mil pessoas que vivem aqui esse recurso é pouco. Tem que aumentar esse valor para mantermos nossa cultura. Já pedimos, mas não conseguimos [chegar em um acordo]”, explicou. Usina está instalada no Rio Juruena em Sapezal (MT) Hydria/divulgação A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) informou ao g1 que as PCH's Rondon, Parecis, Telegráfica e Campos de Júlio estão licenciadas e não ocupam Terras Indígenas. Sobre o pagamento citado, a secretaria explicou que esse tipo de acordo não passa pelo licenciamento ambiental, podendo ocorrer por via judicial, com interveniência da Funai, Ministério Público Federal e Justiça Federal. Lalokwarise disse que está em contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e com a Polícia Federal para tentar recuperar os carros da comunidade apreendidos pelos seguranças e resolver o problema. A reportagem entrou em contato com as entidades, mas não obteve retorno até esta publicação.