Mesmo após pedido de Macron, diplomatas avaliam que negociação Mercosul-UE segue 'normalmente'
Presidente da França, que sempre se mostrou resistente ao acordo, pediu ao bloco que encerre conversas. Para diplomatas, Macron está 'jogando para a torcida' em meio a protestos. França pressiona União Europeia a encerrar negociações de acordo comercial com o Mercosul Diplomatas brasileiros ouvidos pela GloboNews avaliaram nesta terça-feira (30) que as negociações pelo acordo comercial entre Mercosul e União Europeia devem continuar "normalmente", mesmo após o pedido do presidente da França, Emmanuel Macron, para encerrar as conversas. Pressionado internamente por protestos de agricultores franceses, Macron pediu à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que o bloco europeu desista das tratativas com o bloco sul-americano. O acordo é negociado desde 1999. Em 2019, foi concluída a primeira etapa das conversas. Desde então, os termos passaram à fase de revisão, o que ainda não terminou. Além disso, exigências adicionais das partes têm adiado a conclusão. A União Europeia, por exemplo, incluiu um documento adicional que, em linhas gerais, prevê sanções em caso de descumprimento de metas na área ambiental. O Brasil, por sua vez, passou a cobrar alterações nas regras das chamadas compras governamentais. O país entende que é preciso estimular e proteger a indústria nacional em algumas áreas, como a saúde. Para diplomatas ouvidos pelo g1, pressionado pelos agricultores, Macron decidiu "jogar para a torcida". Mas, mesmo assim, as conversas prosseguirão. "Macron está jogando para a torcida dele. É só um voto de 27 [membros da UE]", afirmou um integrante da diplomacia brasileira. "Quem fala e negocia pela Europa nas negociações é a comissão, que continua negociando normalmente com o Mercosul. Na semana passada, tivemos dois dias de reuniões em Brasília", acrescentou. De acordo com esses diplomatas, a assinatura do acordo não precisa ser aprovada de forma unânime pelos membros do bloco, basta que a maioria entre os 27 integrantes aprovem o texto. 'Linha de chegada' Lula recebe Ursula von der Leyen em Brasília Reprodução / Globo No ano passado, Ursula von der Leyen esteve em Brasília e, após se encontrar com o presidente Lula, disse que está na hora de o acordo "cruzar a linha de chegada". Ela defendia, ainda, que o acordo fosse fechado em 2023, aproveitando a presidência brasileira do Mercosul, o que não ocorreu. "Agora, finalmente, estamos próximos da linha de chegada. Acho que é o momento de cruzar a linha de chegada. O presidente Lula e eu nos comprometemos em concluir o acordo o quanto antes", afirmou è época. O Brasil sediou em dezembro a cúpula do Mercosul, e diplomatas chegaram a dizer que tinham a expectativa de, no evento, o acordo ser assinado, o que também não aconteceu. Às vésperas da cúpula, Macron criticou o acordo, afirmando que é "antiquado". Embora o presidente francês faça comentários contra o texto, outros líderes europeus têm se manifestado a favor, entre os quais Olaf Sholz (Alemanha), Pedro Sánchez (Espanha) e a própria Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia. Outros acordos Além do acordo com a União Europeia, o Mercosul também negocia acordos com: Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês), que reúne países europeus fora da União Europeia; Vietnã; Canadá; Indonésia. Recentemente, foi fechado um acordo comercial com Singapura.
Presidente da França, que sempre se mostrou resistente ao acordo, pediu ao bloco que encerre conversas. Para diplomatas, Macron está 'jogando para a torcida' em meio a protestos. França pressiona União Europeia a encerrar negociações de acordo comercial com o Mercosul Diplomatas brasileiros ouvidos pela GloboNews avaliaram nesta terça-feira (30) que as negociações pelo acordo comercial entre Mercosul e União Europeia devem continuar "normalmente", mesmo após o pedido do presidente da França, Emmanuel Macron, para encerrar as conversas. Pressionado internamente por protestos de agricultores franceses, Macron pediu à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que o bloco europeu desista das tratativas com o bloco sul-americano. O acordo é negociado desde 1999. Em 2019, foi concluída a primeira etapa das conversas. Desde então, os termos passaram à fase de revisão, o que ainda não terminou. Além disso, exigências adicionais das partes têm adiado a conclusão. A União Europeia, por exemplo, incluiu um documento adicional que, em linhas gerais, prevê sanções em caso de descumprimento de metas na área ambiental. O Brasil, por sua vez, passou a cobrar alterações nas regras das chamadas compras governamentais. O país entende que é preciso estimular e proteger a indústria nacional em algumas áreas, como a saúde. Para diplomatas ouvidos pelo g1, pressionado pelos agricultores, Macron decidiu "jogar para a torcida". Mas, mesmo assim, as conversas prosseguirão. "Macron está jogando para a torcida dele. É só um voto de 27 [membros da UE]", afirmou um integrante da diplomacia brasileira. "Quem fala e negocia pela Europa nas negociações é a comissão, que continua negociando normalmente com o Mercosul. Na semana passada, tivemos dois dias de reuniões em Brasília", acrescentou. De acordo com esses diplomatas, a assinatura do acordo não precisa ser aprovada de forma unânime pelos membros do bloco, basta que a maioria entre os 27 integrantes aprovem o texto. 'Linha de chegada' Lula recebe Ursula von der Leyen em Brasília Reprodução / Globo No ano passado, Ursula von der Leyen esteve em Brasília e, após se encontrar com o presidente Lula, disse que está na hora de o acordo "cruzar a linha de chegada". Ela defendia, ainda, que o acordo fosse fechado em 2023, aproveitando a presidência brasileira do Mercosul, o que não ocorreu. "Agora, finalmente, estamos próximos da linha de chegada. Acho que é o momento de cruzar a linha de chegada. O presidente Lula e eu nos comprometemos em concluir o acordo o quanto antes", afirmou è época. O Brasil sediou em dezembro a cúpula do Mercosul, e diplomatas chegaram a dizer que tinham a expectativa de, no evento, o acordo ser assinado, o que também não aconteceu. Às vésperas da cúpula, Macron criticou o acordo, afirmando que é "antiquado". Embora o presidente francês faça comentários contra o texto, outros líderes europeus têm se manifestado a favor, entre os quais Olaf Sholz (Alemanha), Pedro Sánchez (Espanha) e a própria Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia. Outros acordos Além do acordo com a União Europeia, o Mercosul também negocia acordos com: Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês), que reúne países europeus fora da União Europeia; Vietnã; Canadá; Indonésia. Recentemente, foi fechado um acordo comercial com Singapura.