Professor palestino em SP diz que já perdeu 10 parentes em Gaza: ‘Família está vivendo embaixo da escada, com medo das bombas’
Rafat Alnajjar mora há três anos na capital paulista e narra estado de 'tristeza profunda' desde o início do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas. Com a mãe, o pai e dez irmãos na área de conflito, professor não consegue dormir ou comer à espera de notícias. O professor palestino Rafat Alnajjar e os parentes que moram na Faixa de Gaza. Acervo pessoal Professor de origem palestina que vive em São Paulo desde 2020, Rafat Alnajjar disse nesta quarta-feira (11) que a família dele, que vive na Faixa de Gaza, está há três dias sem banho e ficando abrigada embaixo da escada de casa em virtude dos bombardeios israelenses na região. Rafat narrou ao g1 que já teve mais de 10 parentes mortos na guerra, iniciada no fim de semana, além de ter perdido mais 26 amigos desde o início do atual conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas. “Todo dia chegam mensagens da Gaza dizendo que algum primo, parente ou amigo foi atingido pelas bombas. É uma tristeza profunda pra mim aqui, que não durmo e não me alimento direito desde o início dos ataques à bomba de Israel”, disse. “Lá não tem energia elétrica, não tem água para banho e a comida é escassa. Impossível conseguir pregar o olho sabendo que tudo que eu amo na vida está em perigo e uma notícia ruim pode chegar a qualquer momento. Difícil ter forças para viver numa situação como essa”, desabafa. Os irmãos de Rafat Alnajjar ao lado do pai, que moram na Faixa de Gaza. Acervo pessoal A família de Rafat é formada por 35 pessoas, entre pai, mãe, dez irmãos, sobrinhos e cunhados. Todos vivem em um prédio de cinco andares na Faixa de Gaza, que foi erguido por eles mesmos, conforme a família foi crescendo. Porém, após o início dos bombardeios, a família tem se revesado para dormir embaixo da escada do primeiro andar para facilitar uma eventual fuga de casa. “Qualquer bomba que atinja um prédio vizinho, pode derrubar os demais. Viver embaixo da escada, com medo das bombas, é a única forma de garantir uma saída rápida, se o pior acontecer na vizinhança. Desde sábado, eles vagam durante o dia pelas ruas, com o coração nas mãos e a dor no peito”, afirmou. A mãe e o pai de Rafat Alnajjar, ao lado dos netos. Todos vivendo na Faixa de Gaza, em meio aos conflitos com Israel. Acervo pessoal O professor de caligrafia árabe diz que tem conversado com a família apenas por mensagem de texto, porque áudios, fotos e vídeos não carregam e o sinal de 3G em Gaza some durante várias horas do dia. Em São Paulo, Rafat diz que tem sido auxiliado por amigos brasileiros, que o tem ajudado a superar a angústia diária da guerra. “Os amigos brasileiros são muito amorosos. Eles vieram aqui, fizeram comida pra mim e tem me ajudado emocionalmente. Ontem eu tinha algumas aulas particulares e os alunos viram o meu estado e eles mesmo cancelaram a aula”, declarou. Famílias brasileiras em Gaza aguardam ajuda do Itamaraty O sonho do professor palestino é conseguir tirar parte da família de Gaza o mais rápido possível, mas ele mesmo admite que é uma tarefa muito dura e cara sair da região, principalmente em um momento de conflito. “Sair de casa é muito difícil e burocrático. Eu mesmo, sozinho, demorei muitos meses e gastei muito dinheiro para sair pela fronteira com o Egito. Imagina com 35 pessoas?! Mas quero muito que isso tudo acabe pra conseguir pelo menos trazer meu pai e minha mãe e alguns irmãos solteiros pra cá”, contou. Enquanto o conflito não tem um fim, Rafat Alnajjar se apega à fé para não entrar em depressão e continuar tocando a vida na capital paulista. “Hoje, a única coisa que posso fazer por eles é rezar para que haja a paz em Gaza e pedir a Deus que proteja minha família. Somos pessoas simples e trabalhadoras, tão vítimas de tudo isso quanto todos que já morreram dois lados da guerra”. No Brasil, familiares de pessoas que vivem em Israel e Gaza relatam preocupação com guerra 5º dia de conflito Israel e o grupo terrorista Hamas estão em conflito sem precedentes desde sábado (7), quando o grupo terrorista, que governa a Faixa de Gaza, invadiu Israel, matando e sequestrando civis; A guerra entrou hoje quinto dia de conflitos e, ao todo, 2.255 pessoas morreram, segundo os dois lados. Dois brasileiros estão entre as vítimas: Bruna Valeanu e Ranani Glazer. Nesta quarta (11), o Exército israelense mantém fortes bombardeios em Gaza, onde a energia acabou após Israel cortar fornecimento de energia, gás e água no território palestino. UE condena bloqueios em Gaza O chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, acusou o governo de Israel de nesta terça (10) de violar a lei internacional ao impor um bloqueio total a Gaza em resposta ao ataque do grupo palestino Hamas ao país. Ele se pronunciou durante uma reunião do bloco que aconteceu em Mascate, em Omã. Borrell condenou os ataques do Hamas, que, desde sábado (7), mataram mais de 1.200 israelenses, a maioria civis. Contudo, o chefe de política externa da UE disse que a resposta de Israel, que até agora mat
Rafat Alnajjar mora há três anos na capital paulista e narra estado de 'tristeza profunda' desde o início do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas. Com a mãe, o pai e dez irmãos na área de conflito, professor não consegue dormir ou comer à espera de notícias. O professor palestino Rafat Alnajjar e os parentes que moram na Faixa de Gaza. Acervo pessoal Professor de origem palestina que vive em São Paulo desde 2020, Rafat Alnajjar disse nesta quarta-feira (11) que a família dele, que vive na Faixa de Gaza, está há três dias sem banho e ficando abrigada embaixo da escada de casa em virtude dos bombardeios israelenses na região. Rafat narrou ao g1 que já teve mais de 10 parentes mortos na guerra, iniciada no fim de semana, além de ter perdido mais 26 amigos desde o início do atual conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas. “Todo dia chegam mensagens da Gaza dizendo que algum primo, parente ou amigo foi atingido pelas bombas. É uma tristeza profunda pra mim aqui, que não durmo e não me alimento direito desde o início dos ataques à bomba de Israel”, disse. “Lá não tem energia elétrica, não tem água para banho e a comida é escassa. Impossível conseguir pregar o olho sabendo que tudo que eu amo na vida está em perigo e uma notícia ruim pode chegar a qualquer momento. Difícil ter forças para viver numa situação como essa”, desabafa. Os irmãos de Rafat Alnajjar ao lado do pai, que moram na Faixa de Gaza. Acervo pessoal A família de Rafat é formada por 35 pessoas, entre pai, mãe, dez irmãos, sobrinhos e cunhados. Todos vivem em um prédio de cinco andares na Faixa de Gaza, que foi erguido por eles mesmos, conforme a família foi crescendo. Porém, após o início dos bombardeios, a família tem se revesado para dormir embaixo da escada do primeiro andar para facilitar uma eventual fuga de casa. “Qualquer bomba que atinja um prédio vizinho, pode derrubar os demais. Viver embaixo da escada, com medo das bombas, é a única forma de garantir uma saída rápida, se o pior acontecer na vizinhança. Desde sábado, eles vagam durante o dia pelas ruas, com o coração nas mãos e a dor no peito”, afirmou. A mãe e o pai de Rafat Alnajjar, ao lado dos netos. Todos vivendo na Faixa de Gaza, em meio aos conflitos com Israel. Acervo pessoal O professor de caligrafia árabe diz que tem conversado com a família apenas por mensagem de texto, porque áudios, fotos e vídeos não carregam e o sinal de 3G em Gaza some durante várias horas do dia. Em São Paulo, Rafat diz que tem sido auxiliado por amigos brasileiros, que o tem ajudado a superar a angústia diária da guerra. “Os amigos brasileiros são muito amorosos. Eles vieram aqui, fizeram comida pra mim e tem me ajudado emocionalmente. Ontem eu tinha algumas aulas particulares e os alunos viram o meu estado e eles mesmo cancelaram a aula”, declarou. Famílias brasileiras em Gaza aguardam ajuda do Itamaraty O sonho do professor palestino é conseguir tirar parte da família de Gaza o mais rápido possível, mas ele mesmo admite que é uma tarefa muito dura e cara sair da região, principalmente em um momento de conflito. “Sair de casa é muito difícil e burocrático. Eu mesmo, sozinho, demorei muitos meses e gastei muito dinheiro para sair pela fronteira com o Egito. Imagina com 35 pessoas?! Mas quero muito que isso tudo acabe pra conseguir pelo menos trazer meu pai e minha mãe e alguns irmãos solteiros pra cá”, contou. Enquanto o conflito não tem um fim, Rafat Alnajjar se apega à fé para não entrar em depressão e continuar tocando a vida na capital paulista. “Hoje, a única coisa que posso fazer por eles é rezar para que haja a paz em Gaza e pedir a Deus que proteja minha família. Somos pessoas simples e trabalhadoras, tão vítimas de tudo isso quanto todos que já morreram dois lados da guerra”. No Brasil, familiares de pessoas que vivem em Israel e Gaza relatam preocupação com guerra 5º dia de conflito Israel e o grupo terrorista Hamas estão em conflito sem precedentes desde sábado (7), quando o grupo terrorista, que governa a Faixa de Gaza, invadiu Israel, matando e sequestrando civis; A guerra entrou hoje quinto dia de conflitos e, ao todo, 2.255 pessoas morreram, segundo os dois lados. Dois brasileiros estão entre as vítimas: Bruna Valeanu e Ranani Glazer. Nesta quarta (11), o Exército israelense mantém fortes bombardeios em Gaza, onde a energia acabou após Israel cortar fornecimento de energia, gás e água no território palestino. UE condena bloqueios em Gaza O chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, acusou o governo de Israel de nesta terça (10) de violar a lei internacional ao impor um bloqueio total a Gaza em resposta ao ataque do grupo palestino Hamas ao país. Ele se pronunciou durante uma reunião do bloco que aconteceu em Mascate, em Omã. Borrell condenou os ataques do Hamas, que, desde sábado (7), mataram mais de 1.200 israelenses, a maioria civis. Contudo, o chefe de política externa da UE disse que a resposta de Israel, que até agora matou pelo menos 900 habitantes de Gaza, tem de estar em conformidade com o direito humanitário internacional e que uma decisão de impor um bloqueio total à região viola esta norma. “Israel tem o direito de se defender, mas isso tem que ser feito de acordo com o direito internacional, o direito humanitário, e algumas decisões são contrárias ao direito internacional”, disse ele à imprensa. "Pedimos também a libertação dos reféns, assim como o acesso a água, alimentos e remédios, que devem também estar de acordo com as leis." Um médico corre enquanto carrega uma criança palestina ferida até a ambulância em Gaza, 9 de outubro de 2023. REUTERS/Stringer O chefe da UE convidou Eli Cohen e Riyad al-Maliki, ministros das Relações Exteriores de Israel e da Palestina, respectivamente, para participarem por videoconferência da reunião. O israelense, no entanto, não quis participar de um encontro que também seria dirigido ao seu colega palestino. "Nem todos os palestinos são terroristas", disse ele. "Uma punição coletiva contra todos os palestinos será injusta e improdutiva. Contra nossos interesses e contra os interesses da paz." Borrell fez sua declaração um dia depois de o comissário europeu Oliver Varhelyi, um diplomata húngaro, ter dito que toda a ajuda de desenvolvimento da UE aos palestinos foi suspensa — o que foi negado pela Comissão horas depois. Segundo ele, uma “esmagadora maioria” dos ministros de Relações Exteriores do bloco apoia a continuação dos pagamentos de ajuda à Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia. Enviado palestino à ONU O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, atraiu condenação internacional ao anunciar na segunda-feira (9) um "bloqueio total" para impedir que alimentos e combustível cheguem a Gaza, onde vivem 2,3 milhões de pessoas. Gallant disse que Israel estava lutando contra "pessoas bestiais". "Tal desumanização flagrante e tentativas de bombardear um povo até à submissão, de usar a fome como método de guerra e de erradicar a sua existência nacional são nada menos que genocidas", escreveu o enviado palestino à ONU, Riyad Mansour, em uma carta ao Conselho de Segurança. "Esses atos constituem crimes de guerra." O que é a Faixa de Gaza?