US$ 55 por aluno: quantia investida em 2 dias por países ricos é a mesma de um ano inteiro em nações pobres
Desigualdade mostra situação crítica da educação especialmente em países africanos. Grupo econômico do qual Brasil faz parte fica em faixa intermediária: investiu 1.273 dólares por criança em 2022, mostra relatório divulgado nesta quinta (30). Na zona rural de Uganda, crianças percorrem trechos longos a pé para chegar à escola Escola em Uganda Países de baixíssima renda, como Afeganistão, Etiópia, Guiné-Bissau e Mali, gastaram, durante o ano inteiro de 2022, apenas 55 dólares (cerca de R$ 318, na cotação atual) com cada criança em idade escolar. Já nas nações cuja população tem salários mais altos (EUA, Reino Unido, Itália e Alemanha, por exemplo), o investimento público foi de 8.532 dólares (R$ 49,3 mil) por aluno. ????A título de comparação: a quantia que um país africano gasta ao longo de 12 meses com um estudante é equivalente à que os ricos despendem… em cerca de 2 dias da vida escolar de uma criança. ➡️As informações estão no relatório “Education Finance Watch” (Observatório do Financiamento Educacional), divulgado nesta quinta-feira (31) e formulado a partir da colaboração entre o Banco Mundial, o Global Education Monitoring (GEM) e o Instituto de Estatísticas da Unesco. Nos critérios do BM, o Brasil está em uma faixa intermediária de renda, junto com China, África do Sul e Colômbia, entre outros. Nesse grupo, o investimento anual por aluno em 2022 foi de 1.273 dólares (R$ 7,3 mil), apenas 2 dólares a mais do que em 2021. O assunto foi tema de um debate entre ministros do G20 em Fortaleza, no início desta semana. Segundo o ministro da Educação brasileiro, Camilo Santana, a principal conclusão do encontro é a necessidade de priorizar o financiamento educacional em todos os países. “[Os valores] ainda são insuficientes na maior parte do mundo para garantir a universalização e a equidade. Esse é um espaço importante para discutir esses temas", disse o titular do MEC, na quarta-feira (30). Segundo o “Education Finance Watch”, os gastos em educação são essenciais para compensar todas as perdas no processo de aprendizagem ocorridas durante a pandemia – as habilidades de leitura e de matemática entre jovens de 15 anos caiu de 4 a 9 pontos percentuais em relação a 2018, antes da Covid. Em países pobres, a escassez de dados não permite avaliar qual o tamanho exato do “estrago” trazido pela crise econômica e pelo longo período de fechamento das escolas. Recursos são usados de maneira ineficiente pelos governos, diz relatório É preciso aumentar os recursos para: melhorar a aprendizagem dos estudantes no contexto de transformações digitais e ambientais; alcançar os objetivos nacionais e internacionais na área (como reduzir o analfabetismo e a evasão escolar); proporcionar um ensino inclusivo e equitativo para toda a população. “Os recursos financeiros são usados de forma ineficiente. Os governos precisam focar na administração dessas verbas para melhorar a formação de professores, a gerência de escolas e as políticas educacionais mais efetivas”, afirma o documento. ????Principalmente na África e na Ásia, países estão direcionando mais recursos per capita para pagar os juros da dívida pública do que para investir em educação. Em 2022, Gana, por exemplo, gastou 166 dólares (R$ 960) por dia, para cada habitante, com os juros. Já para a área educacional, a verba direcionada foi de 64 dólares (R$ 370). ➡️Ainda que a ajuda financeira recebida por parceiros internacionais tenha aumentado em termos absolutos, a parcela direcionada para o segmento educacional diminuiu de 9,3% em 2019 para 7,6% em 2022. As áreas que passaram a ser mais priorizadas pelos “doadores” foram a de energia, de guerra (principalmente no suporte à Ucrânia) e de combate à Covid. “Estão espremendo o orçamento da educação”, diz o Banco Mundial. Sul da Ásia e América Latina: casos pontuais de melhorias, mesmo que insuficientes Ainda que os números continuem sendo extremamente preocupantes, houve uma significativa melhora em casos específicos: no Sul da Ásia, o investimento por aluno dobrou de 2010 (218 dólares; cerca de R$ 1.260) a 2022 (515 dólares; R$ 2.980). Segundo o relatório, o principal fator que levou a esse aumento foi a elevação no número de matrículas em escolas particulares – com menos estudantes no setor público, “sobrou” mais dinheiro para cada um. Na América Latina e no Caribe, também houve um sutil crescimento (de 8%) no valor investido por aluno – saltou de 2.290 dólares (2010) para 2.478 dólares (2022). Vídeos de Educação
Desigualdade mostra situação crítica da educação especialmente em países africanos. Grupo econômico do qual Brasil faz parte fica em faixa intermediária: investiu 1.273 dólares por criança em 2022, mostra relatório divulgado nesta quinta (30). Na zona rural de Uganda, crianças percorrem trechos longos a pé para chegar à escola Escola em Uganda Países de baixíssima renda, como Afeganistão, Etiópia, Guiné-Bissau e Mali, gastaram, durante o ano inteiro de 2022, apenas 55 dólares (cerca de R$ 318, na cotação atual) com cada criança em idade escolar. Já nas nações cuja população tem salários mais altos (EUA, Reino Unido, Itália e Alemanha, por exemplo), o investimento público foi de 8.532 dólares (R$ 49,3 mil) por aluno. ????A título de comparação: a quantia que um país africano gasta ao longo de 12 meses com um estudante é equivalente à que os ricos despendem… em cerca de 2 dias da vida escolar de uma criança. ➡️As informações estão no relatório “Education Finance Watch” (Observatório do Financiamento Educacional), divulgado nesta quinta-feira (31) e formulado a partir da colaboração entre o Banco Mundial, o Global Education Monitoring (GEM) e o Instituto de Estatísticas da Unesco. Nos critérios do BM, o Brasil está em uma faixa intermediária de renda, junto com China, África do Sul e Colômbia, entre outros. Nesse grupo, o investimento anual por aluno em 2022 foi de 1.273 dólares (R$ 7,3 mil), apenas 2 dólares a mais do que em 2021. O assunto foi tema de um debate entre ministros do G20 em Fortaleza, no início desta semana. Segundo o ministro da Educação brasileiro, Camilo Santana, a principal conclusão do encontro é a necessidade de priorizar o financiamento educacional em todos os países. “[Os valores] ainda são insuficientes na maior parte do mundo para garantir a universalização e a equidade. Esse é um espaço importante para discutir esses temas", disse o titular do MEC, na quarta-feira (30). Segundo o “Education Finance Watch”, os gastos em educação são essenciais para compensar todas as perdas no processo de aprendizagem ocorridas durante a pandemia – as habilidades de leitura e de matemática entre jovens de 15 anos caiu de 4 a 9 pontos percentuais em relação a 2018, antes da Covid. Em países pobres, a escassez de dados não permite avaliar qual o tamanho exato do “estrago” trazido pela crise econômica e pelo longo período de fechamento das escolas. Recursos são usados de maneira ineficiente pelos governos, diz relatório É preciso aumentar os recursos para: melhorar a aprendizagem dos estudantes no contexto de transformações digitais e ambientais; alcançar os objetivos nacionais e internacionais na área (como reduzir o analfabetismo e a evasão escolar); proporcionar um ensino inclusivo e equitativo para toda a população. “Os recursos financeiros são usados de forma ineficiente. Os governos precisam focar na administração dessas verbas para melhorar a formação de professores, a gerência de escolas e as políticas educacionais mais efetivas”, afirma o documento. ????Principalmente na África e na Ásia, países estão direcionando mais recursos per capita para pagar os juros da dívida pública do que para investir em educação. Em 2022, Gana, por exemplo, gastou 166 dólares (R$ 960) por dia, para cada habitante, com os juros. Já para a área educacional, a verba direcionada foi de 64 dólares (R$ 370). ➡️Ainda que a ajuda financeira recebida por parceiros internacionais tenha aumentado em termos absolutos, a parcela direcionada para o segmento educacional diminuiu de 9,3% em 2019 para 7,6% em 2022. As áreas que passaram a ser mais priorizadas pelos “doadores” foram a de energia, de guerra (principalmente no suporte à Ucrânia) e de combate à Covid. “Estão espremendo o orçamento da educação”, diz o Banco Mundial. Sul da Ásia e América Latina: casos pontuais de melhorias, mesmo que insuficientes Ainda que os números continuem sendo extremamente preocupantes, houve uma significativa melhora em casos específicos: no Sul da Ásia, o investimento por aluno dobrou de 2010 (218 dólares; cerca de R$ 1.260) a 2022 (515 dólares; R$ 2.980). Segundo o relatório, o principal fator que levou a esse aumento foi a elevação no número de matrículas em escolas particulares – com menos estudantes no setor público, “sobrou” mais dinheiro para cada um. Na América Latina e no Caribe, também houve um sutil crescimento (de 8%) no valor investido por aluno – saltou de 2.290 dólares (2010) para 2.478 dólares (2022). Vídeos de Educação