Em meio a tiroteios, mais escolas fecharam no 1º semestre de 2023 do que em todo o ano passado

Em 2022, as escolas fecharam 1.078 vezes. Este ano, o número deu um salto: foram 2.129 fechamentos por causa da violência — um aumento de 97%. Em meio a tiroteios, mais escolas fecharam no 1º semestre de 2023 do que em todo o ano passado Um levantamento da Secretaria Municipal de Educação, obtido com exclusividade pelo RJ1, mostra um aumento de dias sem aula por causa de confrontos entre facções rivais e operações da polícia no Rio. Os fechamentos no primeiro semestre desse ano chegaram a ultrapassar os números de todo o ano passado. Na comparação com o mesmo período de 2022, os dias sem aula quase dobraram. No ano passado, as escolas fecharam 1.078 vezes. Só que agora, esse número deu um salto. Foram 2.129 fechamentos por causa da violência — um aumento de 97%. Responsáveis costumam receber mensagens avisando sobre problemas. “Aqueles que puderem vir buscar sua criança, o quanto antes, agradecemos. Estamos com problemas na região e não sabemos como ficará daqui pra frente.” As crianças contam que ficam frustradas e tristes sempre que isso acontece. “Às vezes, dá o tiroteio quando a gente já tá quase chegando na porta da escola. Aí, a gente não pode ir, aí a gente tem que voltar pra casa”, diz uma aluna. O número de escolas afetadas pelos fechamentos também aumentou. Em todo o ano passado, 405 escolas precisaram fechar por causa de tiroteios. Em 2023, só no primeiro semestre, foram 500. Com mais escolas fechadas, cresce também o número de alunos fora da sala de aula. São 163 mil alunos da rede municipal com a educação comprometida devido à violência. O secretário municipal de Educação do Rio, Renan Ferreirinha, pede que as escolas sejam a prioridade de todos. “Uma política de segurança pública não pode ser focada exclusivamente em operações policiais. Tem que ter inteligência, tem que ter integração e tem que ter priorização para o funcionamento das nossas escolas. Nós estamos falando de uma geração inteira que está sendo afetada nos seus estudos por isso”, disse. “O apelo que a gente faz, seja para as polícias, seja para os outros órgãos, é que priorize as nossas escolas. É que o funcionamento das nossas escolas tem que ser considerado uma prioridade quando vai se tomar uma decisão a respeito do que vai acontecer na cidade, o que vai acontecer em qualquer região. Porque a gente não pode normalizar o fato de uma criança passar 10, 20, 30 dias por ano sem aula devido à violência. A esperança é de um segundo semestre de mais paz. “Eu espero e torço que não tenha nada disso, né? Que eu consiga que elas estejam sempre em segurança, que elas cheguem em segurança, voltem em segurança, né? Eu espero que esteja melhor”, diz uma mãe. Ano letivo recomeçou Nesta segunda-feira (31), milhares de estudantes voltaram para a escola para a retomada do ano letivo depois das férias. Mas para muitos alunos da rede municipal do Rio, cada dia é uma incerteza, seja por guerra entre facções, operações policiais, tiroteios. A violência da cidade deixa crianças e adolescentes fora da sala de aula, abaixados em corredores ou presos em casa sem poder ir estudar. Duas irmãs, uma de 6 anos e a outra de 10, estudam numa escola próxima à comunidade do Rato Molhado, na Zona Norte. A mãe das meninas conta que esse ano elas começaram a viver com mais frequência o drama de não conseguir estudar por causa da violência. “Eu sinto que do final do ano pra cá, piorou, pelo menos na região da escola delas, né? Às vezes, tá chegando aqui 7h20, 7h25, e aí ele liga: ‘olha, não consegui entrar por causa disso’. Aí, elas têm que voltar.” “Elas adoram ir pra escola, que é uma escola que elas já estudam há bastante tempo. Então, assim, elas ficam tristes com isso, né?”, diz a mãe. O que diz a Polícia Militar A Polícia Militar disse que as ações da corporação são pautadas por informações de inteligência e planejamento prévio, tendo como preocupação central a preservação de vidas e o cumprimento irrestrito da lei. E que o comando da corporação tem dedicado atenção especial ao desenvolvimento de projetos que buscam ações preventivas e aproximação com a sociedade, com atuação em áreas carentes. Segundo a PM, o Programa Patrulha Escolar e de Proteção à Criança e ao Adolescente tem mais de 1.600 policiais e fez mais de 43 mil visitas a escolas. A Polícia Militar disse ainda que a opção pelo confronto armado é sempre dos grupos criminosos, que insistem em tentar impor domínio territorial e atentar contra o poder público. E que são incessantes as ações conjuntas com a Polícia Civil para estabilizar regiões e prender bandidos.

Em meio a tiroteios, mais escolas fecharam no 1º semestre de 2023 do que em todo o ano passado
Em 2022, as escolas fecharam 1.078 vezes. Este ano, o número deu um salto: foram 2.129 fechamentos por causa da violência — um aumento de 97%. Em meio a tiroteios, mais escolas fecharam no 1º semestre de 2023 do que em todo o ano passado Um levantamento da Secretaria Municipal de Educação, obtido com exclusividade pelo RJ1, mostra um aumento de dias sem aula por causa de confrontos entre facções rivais e operações da polícia no Rio. Os fechamentos no primeiro semestre desse ano chegaram a ultrapassar os números de todo o ano passado. Na comparação com o mesmo período de 2022, os dias sem aula quase dobraram. No ano passado, as escolas fecharam 1.078 vezes. Só que agora, esse número deu um salto. Foram 2.129 fechamentos por causa da violência — um aumento de 97%. Responsáveis costumam receber mensagens avisando sobre problemas. “Aqueles que puderem vir buscar sua criança, o quanto antes, agradecemos. Estamos com problemas na região e não sabemos como ficará daqui pra frente.” As crianças contam que ficam frustradas e tristes sempre que isso acontece. “Às vezes, dá o tiroteio quando a gente já tá quase chegando na porta da escola. Aí, a gente não pode ir, aí a gente tem que voltar pra casa”, diz uma aluna. O número de escolas afetadas pelos fechamentos também aumentou. Em todo o ano passado, 405 escolas precisaram fechar por causa de tiroteios. Em 2023, só no primeiro semestre, foram 500. Com mais escolas fechadas, cresce também o número de alunos fora da sala de aula. São 163 mil alunos da rede municipal com a educação comprometida devido à violência. O secretário municipal de Educação do Rio, Renan Ferreirinha, pede que as escolas sejam a prioridade de todos. “Uma política de segurança pública não pode ser focada exclusivamente em operações policiais. Tem que ter inteligência, tem que ter integração e tem que ter priorização para o funcionamento das nossas escolas. Nós estamos falando de uma geração inteira que está sendo afetada nos seus estudos por isso”, disse. “O apelo que a gente faz, seja para as polícias, seja para os outros órgãos, é que priorize as nossas escolas. É que o funcionamento das nossas escolas tem que ser considerado uma prioridade quando vai se tomar uma decisão a respeito do que vai acontecer na cidade, o que vai acontecer em qualquer região. Porque a gente não pode normalizar o fato de uma criança passar 10, 20, 30 dias por ano sem aula devido à violência. A esperança é de um segundo semestre de mais paz. “Eu espero e torço que não tenha nada disso, né? Que eu consiga que elas estejam sempre em segurança, que elas cheguem em segurança, voltem em segurança, né? Eu espero que esteja melhor”, diz uma mãe. Ano letivo recomeçou Nesta segunda-feira (31), milhares de estudantes voltaram para a escola para a retomada do ano letivo depois das férias. Mas para muitos alunos da rede municipal do Rio, cada dia é uma incerteza, seja por guerra entre facções, operações policiais, tiroteios. A violência da cidade deixa crianças e adolescentes fora da sala de aula, abaixados em corredores ou presos em casa sem poder ir estudar. Duas irmãs, uma de 6 anos e a outra de 10, estudam numa escola próxima à comunidade do Rato Molhado, na Zona Norte. A mãe das meninas conta que esse ano elas começaram a viver com mais frequência o drama de não conseguir estudar por causa da violência. “Eu sinto que do final do ano pra cá, piorou, pelo menos na região da escola delas, né? Às vezes, tá chegando aqui 7h20, 7h25, e aí ele liga: ‘olha, não consegui entrar por causa disso’. Aí, elas têm que voltar.” “Elas adoram ir pra escola, que é uma escola que elas já estudam há bastante tempo. Então, assim, elas ficam tristes com isso, né?”, diz a mãe. O que diz a Polícia Militar A Polícia Militar disse que as ações da corporação são pautadas por informações de inteligência e planejamento prévio, tendo como preocupação central a preservação de vidas e o cumprimento irrestrito da lei. E que o comando da corporação tem dedicado atenção especial ao desenvolvimento de projetos que buscam ações preventivas e aproximação com a sociedade, com atuação em áreas carentes. Segundo a PM, o Programa Patrulha Escolar e de Proteção à Criança e ao Adolescente tem mais de 1.600 policiais e fez mais de 43 mil visitas a escolas. A Polícia Militar disse ainda que a opção pelo confronto armado é sempre dos grupos criminosos, que insistem em tentar impor domínio territorial e atentar contra o poder público. E que são incessantes as ações conjuntas com a Polícia Civil para estabilizar regiões e prender bandidos.